A Comissão Europeia publicou hoje o seu relatório anual sobre incêndios florestais na Europa, no Médio Oriente e no Norte de África relativo a 2017. O relatório mostra que os incêndios florestais destruíram no ano passado mais de 1,2 milhões de hectares de florestas e de terrenos na Europa — mais do que a superfície total de Chipre. Além disso, custaram a vida a 127 civis e bombeiros, e causaram prejuízos económicos estimados em perto de 10 mil milhões de EUR.
Karmenu Vella, comissário responsável pelo Ambiente, afirmou: «Os fenómenos meteorológicos extremos — secas e ondas de calor prolongadas — agravam os incêndios florestais e dificultam o seu combate. Mais de 90 % de todos os incêndios florestais têm origem em atividades humanas, razão pela qual a UE está a colaborar estreitamente com os Estados-Membros em matéria de prevenção, de modo a garantir uma maior sensibilização dos cidadãos e dos decisores para as causas e os riscos destes incêndios. Também temos de investir muito mais na gestão florestal a fim de garantir as melhores práticas em toda a UE. O verão de 2018 mostrou mais uma vez que há ainda muito a fazer em termos de prevenção e a Europa deve permanecer na vanguarda da luta contra as alterações climáticas.»
Tibor Navracsics, comissário da Educação, Cultura, Juventude e Desporto, que tutela o Centro Comum de Investigação (JRC), declarou: «Os cientistas do JRC monitorizam continuamente os incêndios florestais na Europa através do Sistema Europeu de Informação sobre Fogos Florestais. Os dados dos últimos dois anos mostram que os incêndios estão a aumentar em número e gravidade. Congratulo-me por poder constatar que, ao recolher e analisar estes dados, o JRC ajuda-nos a compreender melhor as mudanças e proporciona às autoridades nacionais uma base para melhorar a prevenção e a preparação para o combate aos incêndios.»
A Europa enfrenta incêndios cada vez mais graves e em maior número
O último relatório revela uma tendência clara para épocas de incêndios mais longas em comparação com anos anteriores, visto que os incêndios ocorrem agora muito para além dos meses secos e quentes do verão (julho a setembro). Em 2017, os meses mais críticos foram junho e outubro, em que Portugal e o Norte de Espanha foram assolados por incêndios mortais.
A região mediterrânica continua a ser a área mais afetada. No entanto, verões anormalmente secos na Europa central e setentrional permitiram a ocorrência recente de incêndios de grandes proporções em países como a Suécia, a Alemanha e a Polónia, nos quais tal era habitualmente muito raro.
Por último, em 2017, mais de 25 % da área total ardida situava-se na rede Natura 2000, tornando necessário um maior esforço dos países da UE para restabelecer e gerir os habitats protegidos e os serviços ligados aos ecossistemas, inclusivamente para favorecer a prevenção de incêndios florestais,
É possível prevenir os incêndios florestais
Tal como nos anos anteriores, em 2017 a maior parte dos incêndios florestais foi causada por atividades humanas. As práticas de gestão florestal insustentáveis, a degradação dos ecossistemas e a plantação de espécies florestais muito inflamáveis facilitam a deflagração de incêndios florestais e favorecem a sua propagação.
A prevenção é, assim, fundamental no combate aos incêndios florestais. Uma gestão florestal adequada e práticas de utilização dos solos adaptadas podem reduzir os riscos de incêndio e tornar as florestas mais resistentes aos incêndios. Além disso, o relatório mostra que a sensibilização e a formação das comunidades locais, dos decisores políticos e das partes interessadas contribuirão para reforçar a sua preparação.
Os Estados-Membros e as instituições da UE devem continuar a trabalhar em conjunto no sentido de facultar orientações sobre como atuar em caso de incêndios florestais e como aumentar a nossa resiliência, tirando partido das experiências e boas práticas nacionais.
Contexto
Relatório anual de 2017 sobre incêndios florestais
O relatório «Forest Fires in Europe, Middle East and North Africa 2017» elaborado pelo Centro Comum de Investigação (JRC), o serviço interno para a ciência e o conhecimento da Comissão Europeia, fornece uma análise detalhada dos incêndios florestais em 2017, e inclui relatórios específicos por país. O relatório combina dados do Sistema Europeu de Informação sobre Fogos Florestais (EFFIS), gerido pelo JRC, e as estatísticas e informações fornecidas pelos Estados-Membros da UE e os países vizinhos.
Apoio da UE durante a época de incêndios florestais do verão de 2018
Em 2018, o Mecanismo de Proteção Civil da UE foi ativado 5 vezes para responder a incêndios florestais na Europa. Foi prestado um apoio substancial aos países que dele necessitavam, nomeadamente a Suécia e a Grécia. No total, foram mobilizados neste verão 15 aviões, 6 helicópteros e mais de 400 bombeiros e tripulantes. A União Europeia financiou custos de transporte no montante de 1,6 milhões de EUR para a mobilização de apoio aos países afetados. Além disso, foram elaborados mais de 139 mapas por satélite do sistema Copernicus sobre os incêndios florestais, a pedido dos Estados-Membros. Foi igualmente realizada uma missão de prevenção e preparação em Portugal, para ajudar a reforçar a capacidade deste país para lidar com os incêndios florestais.
Reforçar as capacidades de proteção civil da UE
A Comissão propôs reforçar as capacidades europeias de proteção civil através da rescEU, a fim de preparar melhor os Estados-Membros para fazer face a catástrofes múltiplas. A rescEU assenta em dois pilares fundamentais: prevenção e preparação, e aumento das capacidades de resposta, incluindo a criação de uma reserva europeia de capacidades que deverá funcionar como uma rede de segurança quando as capacidades nacionais forem insuficientes. A proposta «rescEU» é um elemento central do programa do Presidente Juncker para criar uma Europa que protege.
Para mais informações:
Forest Fires in Europe, the Middle East and North Africa 2017